O mundo era outro e eu também. A tendência humana é ver o passado com olhos benevolentes, mas às vezes o autoengano tem serventia.
Que a arte tenha a potência de nos ajudar a criar novas narrativas nacionais em contraponto à vulgaridade, à violência e à ignorância que sequestrou o poder - mesmo que seja numa trilha de novela. Retrato de um país tocante, não necessariamente feliz, mas capaz de produzir o belo na "alta" e na "baixa" cultura (aspas para questionar a hierarquização). A vertente algo mais sofisticada traz Ney Matogrosso em "Estranha Toada", os agudos de Zeca Veloso em "Sopro do Fole", "Não Negue Ternura" (Luedji Luna e Zé Manoel) e "Gente Aberta" (Letrux). Mais recentes são a política "Peabiru" (Almir Sater) e "Assim os Dias Passarão", parceria de Almir Sater, Paulo Simões e Renato Teixeira para cantar a morte de um amigo e - tema recorrente na playlist - o assombro com a passagem do tempo. É um presente a interpretação de Maria Bethânia para o tema de abertura. Foi-se o tempo das megaprensagens de discos e CDs para cada folhetim das 6, das 7 e das 8.