Com uma poupança fermentada, resolveu responder a um anúncio de jornal que buscava "uma acompanhante" em Lisboa. Quando entrou na sala cheia de mulheres ...
"Lula é o que ele diz: um encantador de serpentes!" "O português demora para abrir a porta para você. Para ela, o Brasil e os brasileiros "não têm jeito". Guardava dinheiro, acostumava-se com o país, com a distância da família, percebia que o "ciclo estava se rompendo". Na primeira vez que a mãe dele a viu, não escondeu o fastio: "O que meu filho está fazendo com uma preta brasileira?" "Não há comparação com o racismo e xenofobia sofridos por eles", comentou. . Com uma poupança fermentada, resolveu responder a um anúncio de jornal que buscava "uma acompanhante" em Lisboa. "Havia uma coisa no ar, mas não era xenofobia, era um choque sobre aqueles novos tipos de brasileiros que tinham se instalado por aqui", disse. "E olha que a fama das brasileiras já não era lá essas coisas", comentou. Três dias depois e colecionando histórias risíveis, a própria gerente sugeriu que ela fosse trabalhar na cozinha de um clube de strip que tinha fama de ser "gourmet". A mãe foi empregada doméstica, a irmã também, ela idem, todas servindo aos mesmos patrões, que as tratavam como "da família", mas que era aquela coisa de "come o que sobra, dorme no quartinho dos fundos", contou-me numa tarde recente numa pastelaria próxima à nossa rua. A goiana Keylla Cristhianne da Silva diz que "rompeu um ciclo".